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10/03/2020No ano, taxa média de desocupação ficou em 11,9%. Informalidade atingiu 41,1% da população ocupada, maior taxa desde 2016. Trabalhadores sem carteira e por conta própria foram recorde da série da pesquisa.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11% no trimestre encerrado em dezembro, atingindo 11,6 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi a terceira queda seguida do indicador, que ficou em 11,2% nos três meses até outubro. Com isso, a taxa de desemprego segue no menor patamar desde o trimestre encerrado em março de 2016, quando foi de 10,9%. Para trimestres encerrados em dezembro, é a menor taxa registrada desde 2015, quando ficou em 8,9%.
“Verificamos um aumento significativo (de postos de trabalho) ao longo do ano. Isso tem a ver com contratações em diversas áreas e uma reação do comércio a partir do fim do ano. Claro, nessa época do ano devemos levar em consideração a sazonalidade característica do fim do ano. Precisamos esperar para verificar se essas pessoas permanecerão empregadas”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
“Alguns setores, como construção e indústria, que vinham apresentando quedas, conseguiram contratar”.
Alta na carteira assinada
Segundo o IBGE o maior destaque em relação aos três meses anteriores (julho a setembro) foi o aumento de 1,8% no contingente de empregados no setor privado com carteira assinada, que atingiu 33,7 milhões de pessoas. Na mesma comparação, o número de trabalhadores sem carteira assinada ficou estável, em 11,9 milhões.
“Houve um crescimento expressivo do emprego com carteira assinada, com expansão de 1,8%, o que não ocorria desde o início da série, em 2012″, apontou em nota a analista do IBGE Adriana Beringuy. Ainda assim, o número total de trabalhadores com carteira é cerca de 3 milhões inferior ao recorde da série, alcançado em 2014, quando foram registrados 36,7 milhões.
Informalidade no trimestre
Os dados do IBGE mostraram também que a taxa de informalidade atingiu 41% no quarto trimestre, um contingente de 38,4 milhões de pessoas. A categoria por conta própria, com 24,6 milhões de pessoas, ficou estável no último trimestre. Na comparação com o último trimestre de 2018, houve elevação (3,3%), representando um adicional estimado de 782 mil pessoas.
Desemprego médio de 11,9% em 2019
No ano de 2019, a taxa média de desocupação foi de 11,9%, ante 12,3% em 2018. Também no ano, a pesquisa apontou um contingente de 12,6 milhões de pessoas desocupadas, 1,7% a menos que em 2018.
Apesar da queda em relação a 2018, esse número de desocupados representa quase o dobro dos 6,8 milhões registrados em 2014, o menor ponto da série.
2019 teve maior informalidade em 4 anos
Já a taxa de informalidade (soma dos trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar) ficou em 41,1% da população ocupada no ano. Esse número equivale a 38,4 milhões de pessoas, o maior contingente desde 2016.
Na passagem de 2018 para 2019, houve uma alta de 4% no número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (exceto domésticos), para 11,6 milhões de pessoas – o maior patamar da série histórica iniciada em 2012.
Segundo Adriana, a alta informalidade contribui negativamente para o cenário da Previdência no país: “houve uma mudança no cenário de contribuição previdenciária, também. Isso se deve muito ao crescimento da informalidade. Isso fica claro quando comparamos o momento atual com, por exemplo, o cenário que tínhamos em 2014. Naquela época, o emprego com carteira assinada era o que mais crescia. Hoje, temos um predomínio do trabalho informal – uma grande massa de trabalhadores no Brasil que não contribui. Grande parte formada por trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira, que não contribuem de forma regular”, afirmou.
O número de trabalhadores por conta própria também atingiu o maior nível da série, subindo para 24,2 milhões. A maior parte deles (19,3 milhões) não tinha CNPJ – uma alta de 4,1% sobre 2018, e de 3,9 milhões de pessoas desde 2012, segundo o IBGE.
Entre os trabalhadores com carteira assinada, a alta foi de 1,1% entre 2018 e 2019. A criação de 356 mil vagas interrompeu a trajetória descendente registrada entre 2015 e 2018, mas foi menor que o crescimento da informalidade.
De acordo com o levantamento, do acréscimo de 1,8 milhão no número de ocupações em 2019, 446 mil foram sem carteira assinada; e a maior parte, 958 mil, são ocupações de trabalhadores por conta própria, dos quais 586 mil sem CNPJ.
“O crescimento dessas atividades – transportadores de serviços de entrega de comida, como o iFood – está ligado ao fato de que muitos trabalhadores não conseguem encontrar um emprego formal, com os vínculos tradicionais. Diante dessa situação, ele vê nessas atividades uma forma de encontrar uma renda que vai garantir sua sobrevivência”, explica Adriana. “A pesquisa mostra que essas atividades são importantes para sustentar o mercado de trabalho brasileiro nos últimos anos. As atividades tradicionais parecem ter começado a reagir em 2019, mas passamos os anos de 2016, 2017 e 2017 verificando o protagonismo das atividades informais”.
Já o número de trabalhadores domésticos chegou a 6,3 milhões, permanecendo praticamente estável em relação à estimativa de 2018 (6,2 milhões). Mas o número de pessoas com carteira assinada caiu 3%, de 1,819 milhão para 1,764 milhão, enquanto o contingente sem carteira assinada manteve-se estável, somando 4,5 milhões.
O número de empregadores totalizou 4,4 milhões em 2019, estável em relação à 2018, mas representando um crescimento de 24,5%, frente ao início da série, em 2012.
Subutilização foi recorde em 2019
O IBGE também apontou que a população subutilizada na força de trabalho (que inclui pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial), que chegou a 27,6 milhões em 2019, uma alta de 1,2% sobre 2018, o maior valor da série e 79,3% acima do menor patamar (15,4 milhões), apurado em 2014.
Rendimento
Os dados mostraram que o rendimento médio real habitual ficou estável na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2019, em R$ 2.340. Já a média anual ficou em R$ 2.330, com pequena variação (0,4%) em relação a 2018.
A massa de rendimento real habitual (R$ 216,3 bilhões) cresceu 1,9% em relação ao trimestre de julho a setembro. Frente ao mesmo trimestre de 2019, houve alta de 2,5%. A média anual (R$ 212,4 bilhões) subiu 2,5% em relação a 2018.
“O rendimento médio verificado na pesquisa ainda não mostra uma reação – está estável”, disse Adriana Beringuy. “Essa estabilidade está associada ao fato de boa parte das pessoas ocupadas estar inserida em ocupações de baixo rendimento. Além disso, setores importantes como indústria, construção e transporte não apresentaram expansão de rendimentos. Ou seja, vemos que há mais gente trabalhando, mas isso não se refletiu no aumento de rendimentos”.
Fonte: G1